A cravação é uma parte importantíssima na construção de uma jóia. Como autores de jóias e ourives, devemos pensar nela com muito cuidado! Geralmente a cravação é feita por uma segunda pessoa, o cravador. Ele precisa de uma peça devidamente estruturada para conseguir um bom resultado. É um trabalho de parceria!
Muitas vezes precisamos conversar com o cravador, antes de iniciar a peça, para combinar distâncias e espessuras e obter um resultado brilhante. Conhecendo melhor seu trabalho e afinando a parceria, as conversas iniciais vão sendo menos necessárias. Mas na hora de cravar, é bom sempre especificar o tipo de cravação imaginado na concepção da peça. Nem sempre o que o cravador acha que a melhor solução para a peça é aquilo que o ourives imaginou! Para evitar estes pequenos aborrecimentos, irei explicar um pouco de cada uma das cravações mais utilizadas em chapa onde, na maioria das vezes, ocorrem estas divergências, se não forem devida e antecipadamente esclarecidas. Ao executarmos um anel bombè, com um brilhante redondo de dois pontos cravado diretamente na chapa, teremos várias opções de cravação possíveis, com resultados completamente diferentes. A mais comum é a cravação bigodinho, onde a peça é fixada por pequeninas garrinhas (parecendo fios de cabelo), tiradas do próprio metal com uma ferramenta chamada buril. Outra é a cravação inglesa, onde todo o material da borda da pedra é empurrado para cima da mesma; nesta não aparece nenhum detalhe de garra. A diferença entre elas é que a cravação inglesa fica com um visual mais limpo, mas ao mesmo tempo a pedra fica parecendo ligeiramente menor. A cravação bigodinho aumenta um pouco a pedra, devido ao efeito do trabalho realizado ao redor dela.
inglesa bigodinho Há também a cravação granito. Ela é parecida com a cravação bigodinho, mas as garras geradas pelo buril são um pouco maiores, redondas e mais robustas do que as do bigodinho, que são fininhas e quase invisíveis. Para que as garras do granito fiquem um pouco maiores, é necessário que mais material seja deslocado da borda da pedra, por isto, esta cravação sempre é acompanhada de algum desenho ao seu redor, como um quadrado ou um navete. Uma variação desta é a cravação estrela com granito. O material retirado da borda deve seguir o desenho das 4 ou 5 pontas de uma estrela, que ao se juntarem próximo à borda do brilhante, formam os granitos. Outros desenhos também são possíveis, como uma meia lua, uma gota ou o que sua imaginação permitir. Para finalizar um granito devemos usar uma ferramenta chamada peloir, que arredonda e dá polimento na garra formada.
granito (com desenho quadrado)
granito(com desenho navete)
Estas cravações são as mais utilizadas para as pedras pequenas que serão fixadas diretamente na chapa, mas nada impede seu uso também em caixinhas já preparadas para esta finalidade. Devemos estar atentos ao cálculo da espessura correta da chapa ou fio, que poderá variar de acordo com o tipo de cravação, tamanho e quantidade das gemas utilizadas. Ao utilizar mais de uma pedra, as mesmas regras acima servem de parâmetro. E, se for escolher uma cravação com granitos, poderemos lançar mão da famosa cravação pavê, inclusive a mais indicada. Esta segue o mesmo princípio da cravação granito, onde o material retirado da borda formará a garra que irá fixar a pedra, com uma pequena variação no desenho para que tudo se encaixe de maneira harmônica e perfeita. Devemos neste caso estar atentos ao detalhe de disposição das pedras, onde duas maneiras são possíveis, as quais você poderá escolher na hora de levar sua peça para o cravador. As pedras podem ser dispostas de maneira intercalada ou linear. Veja as figuras abaixo: pavê intercalado
pavê linear Com as informações acima, o aprendiz da joalheria artesanal terá mais respaldo e conhecimento para conversar com o cravador. Uma parceria de muita afinidade e confiança!
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário