quarta-feira, 28 de março de 2012

Espaço Mix Informa: Reportagem sobre Cravação e Joalheria Artesanal

CRAVAÇÃO E JOALHERIA ARTESANAL

Patricia Peixe




A cravação é uma parte importantíssima na construção de uma jóia.
Como autores de jóias e ourives, devemos pensar nela com muito cuidado!

Geralmente a cravação é feita por uma segunda pessoa, o cravador. Ele precisa de uma peça devidamente estruturada para conseguir um bom resultado. É um trabalho de parceria!

Muitas vezes precisamos conversar com o cravador, antes de iniciar a peça, para combinar distâncias e espessuras e obter um resultado brilhante. Conhecendo melhor seu trabalho e afinando a parceria, as conversas iniciais vão sendo menos necessárias. Mas na hora de cravar, é bom sempre especificar o tipo de cravação imaginado na concepção da peça. Nem sempre o que o cravador acha que a melhor solução para a peça é aquilo que o ourives imaginou! Para evitar estes pequenos aborrecimentos, irei explicar um pouco de cada uma das cravações mais utilizadas em chapa onde, na maioria das vezes, ocorrem estas divergências, se não forem devida e antecipadamente esclarecidas.

Ao executarmos um anel bombè, com um brilhante redondo de dois pontos cravado diretamente na chapa, teremos várias opções de cravação possíveis, com resultados completamente diferentes. A mais comum é a cravação bigodinho, onde a peça é fixada por pequeninas garrinhas (parecendo fios de cabelo), tiradas do próprio metal com uma ferramenta chamada buril. Outra é a cravação inglesa, onde todo o material da borda da pedra é empurrado para cima da mesma; nesta não aparece nenhum detalhe de garra. A diferença entre elas é que a cravação inglesa fica com um visual mais limpo, mas ao mesmo tempo a pedra fica parecendo ligeiramente menor. A cravação bigodinho aumenta um pouco a pedra, devido ao efeito do trabalho realizado ao redor dela.

inglesa bigodinho



Há também a cravação granito. Ela é parecida com a cravação bigodinho, mas as garras geradas pelo buril são um pouco maiores, redondas e mais robustas do que as do bigodinho, que são fininhas e quase invisíveis. Para que as garras do granito fiquem um pouco maiores, é necessário que mais material seja deslocado da borda da pedra, por isto, esta cravação sempre é acompanhada de algum desenho ao seu redor, como um quadrado ou um navete. Uma variação desta é a cravação estrela com granito. O material retirado da borda deve seguir o desenho das 4 ou 5 pontas de uma estrela, que ao se juntarem próximo à borda do brilhante, formam os granitos. Outros desenhos também são possíveis, como uma meia lua, uma gota ou o que sua imaginação permitir. Para finalizar um granito devemos usar uma ferramenta chamada peloir, que arredonda e dá polimento na garra formada.

granito (com desenho quadrado)


granito(com desenho navete)



Estas cravações são as mais utilizadas para as pedras pequenas que serão fixadas diretamente na chapa, mas nada impede seu uso também em caixinhas já preparadas para esta finalidade. Devemos estar atentos ao cálculo da espessura correta da chapa ou fio, que poderá variar de acordo com o tipo de cravação, tamanho e quantidade das gemas utilizadas.

Ao utilizar mais de uma pedra, as mesmas regras acima servem de parâmetro. E, se for escolher uma cravação com granitos, poderemos lançar mão da famosa cravação pavê, inclusive a mais indicada. Esta segue o mesmo princípio da cravação granito, onde o material retirado da borda formará a garra que irá fixar a pedra, com uma pequena variação no desenho para que tudo se encaixe de maneira harmônica e perfeita. Devemos neste caso estar atentos ao detalhe de disposição das pedras, onde duas maneiras são possíveis, as quais você poderá escolher na hora de levar sua peça para o cravador. As pedras podem ser dispostas de maneira intercalada ou linear. Veja as figuras abaixo:


pavê intercalado

pavê linear



Com as informações acima, o aprendiz da joalheria artesanal terá mais respaldo e conhecimento para conversar com o cravador. Uma parceria de muita afinidade e confiança!




Espaço Mix Informa: Reportagem sobre o curso de modelagem em cera



MODELAGEM EM CERA E
SEU USO PARA FUNDIÇÃO

Patrícia Peixe *



Em matéria anterior, falamos sobre o processo de fundição e sua parceria com a joalheria artesanal (“Fundição e Joalheria Artesanal”). Estaremos, nesta, abordando o trabalho da modelagem em cera. Este processo de confecção faz uma parceria importantíssima com a fundição.

A fundição necessita de um modelo para que seja reproduzido em série. Ele pode ser confeccionado diretamente no metal pelo processo da joalheria artesanal ou em cera.

A cera para modelagem é a matéria prima para este processo.

Ela é encontrada em tubo para anéis ou pulseiras, em chapas de diversas espessuras, em bloco uniforme ou em fios flexíveis de diversos formatos. Encontramos a cera em três cores que representam características diferentes. As mais usadas são a azul (que é mais flexível e possui um ponto de fusão mais baixo) e a verde (que é pouco flexível e possui ponto de fusão mais alto). Podemos também utilizar a roxa, que se encontra num meio termo destas duas características. Os fios flexíveis nada têm de similar aos tubos e placas descritos acima. Vale ressaltar que a cera para injeção (processo de fundição) é uma cera diferente destas para modelagem.

Geralmente, é mais rápido esculpir uma peça em cera do que executá-la no metal, mas algumas podem ser mais práticas se forem feitas diretamente na prata. Por ser mais rápido esculpir a peça em cera, ela é a matéria-prima preferida para os modelos de fundição, sendo assim, a mais usada na indústria joalheira.

Para se esculpir uma peça em cera, precisamos de serra e arco de serra, lima, triboulet de corte (para acertar a numeração de maneira precisa), lamparina, escultor, fresas e/ou buril (para escavar desenhos e efeitos diversos), lixas, ferramentas para medida, chicote para torneamento e, por fim, o pirógrafo, que é muito prático para executar soldas e dar polimento em peças arredondadas.

Com a peça pronta em cera, ela vai para a fundição. Teremos apenas um modelo, só que agora em metal, e é dele que faremos a borracha para reprodução em série. Esta peça em metal necessita de acabamento, que pode ser dado pelo próprio modelista ou por um ourives da fundição. Vimos então que existe uma etapa a mais na cera, já que a partir de uma peça feita direto no metal pode-se fazer uma borracha, sem precisar ir para a fundição antes.

Uma peça de joalheria artesanal também pode precisar de alguma parte feita em cera para agilizar o processo de confecção, visto que hoje em dia se prioriza a agilidade dos processos industriais. A cera é prática, fácil de esculpir e escavar, rápida para dar acabamento e executar. É possível, com ela, fazer peças mais sinuosas e orgânicas de maneira mais rápida, precisa e com muito menos ferramentas que no metal.